Com o objetivo de fortalecer a segurança alimentar regional e mundial, a ALADI (Associação Latino-Americana de Integração) e o IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura) coorganizaram uma reunião na qual foi analisada a importância de aprofundar a integração regional, mediante o estabelecimento de normas comuns para o comércio agroalimentar.
Montevidéu, 16 de setembro de 2022 (ALADI - IICA) – Em reunião de alto nível celebrada em Montevidéu de forma híbrida –presencial e virtual–, na terça-feira (13), ministros de Agricultura e altos funcionários de onze países-membros da ALADI participaram de um evento coorganizado pela Associação e o IICA, onde trocaram ideias sobre a importância de trabalhar na convergência regulatória, buscando promover o comércio intrarregional e a segurança alimentar.
No encontro, foi destacado o enorme desafio que os países da ALADI têm pela frente. “Trata-se de impulsionar uma das regiões de maior capacidade produtiva, para que atenda aos problemas de segurança alimentar que vêm aumentando no mundo”, frisou um dos ministros participantes.
A região é a maior exportadora de alimentos do mundo. Juntos, os países-membros da ALADI –Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela–, contribuem com 93% das exportações alimentares da região.
Além de serem agentes decisivos para a segurança alimentar mundial, os países da região possuem recursos naturais extraordinários, que incluem grande parte das reservas planetárias de biomassa florestal, biodiversidade e água doce.
Porém, apenas 12,5% dessas exportações são destinadas ao comércio intrarregional. Por causa disso, vários participantes consideraram decisivo avançar rumo a uma convergência em temas comerciais, a fim de facilitar o intercâmbio de alimentos e de insumos agrícolas entre os países-membros da ALADI.
Durante a reunião, também foi mencionada a crescente tendência ao protecionismo no comércio agrícola global, que incrementa a insegurança alimentar e leva à instabilidade social e política em muitas partes do mundo.
Os participantes analisaram “novas modalidades de protecionismo com medidas de caráter técnico e ambiental”, além da importância de que a região se fortaleça mediante a geração de informação própria, com base científica, no intuito de determinar qual o aporte real de seus sistemas de produção agrícola para as emissões globais de gases de efeito estufa.
A necessidade de favorecer um maior fluxo de comércio é ainda mais urgente por causa do contexto de crise atual, marcado pelo aumento global de preços causado pelos longos efeitos da pandemia de Covid-19 e do conflito bélico na Ucrânia; e pelo aumento de preços na área de logística e de produtos essenciais para nossa produção, como os fertilizantes químicos. Por esse motivo, “o processo de integração deveria de estar voltado para uma maior complementaridade entre os países e, em particular, para as cadeias regionais de valor”, comentou o diretor-geral do IICA, Manuel Otero.
O secretário-geral da ALADI, Sergio Abreu, manifestou que a convergência regulatória no setor agroalimentar é chave para a segurança alimentar global, e trará mais oportunidades para a incorporação aos mercados internacionais de pequenos e médios agricultores latino-americanos.
“Mediante diálogos entre governos e organismos internacionais, e incluindo o setor privado, precisamos elaborar um roteiro para fazer o comércio mais fluído. Isto é chave para o futuro de nossa competitividade e para a inserção externa dos produtos agrícolas, que são a base de nossas economias”, apontou.
Nesse sentido, Abreu e Otero fizeram um chamado à ação coletiva para transformar as ameaças em oportunidades. A proposta busca aproveitar os mandatos complementares e sinérgicos das duas organizações. A ALADI, focada no comércio e fundamentada sob os princípios de gradualidade e de convergência, oferece um espaço propício para a cooperação e a celebração de acordos ao amparo do Tratado de Montevidéu 1980 (TM80). O IICA, organismo especializado em agricultura do Sistema Interamericano, tem reconhecida experiência técnica em temas de comércio agroalimentar, integração regional, e sanidade agropecuária e inocuidade dos alimentos.
“Estamos convencidos de que fortalecer o comércio intrarregional é a melhor forma de diminuir os riscos de choque em outros mercados e de contribuir para o desenvolvimento de nossos países”, coincidiram Abreu e Otero.
Os dois organismos oferecem um espaço institucional e técnico para que os países cooperem, dialoguem e avancem com base em um roteiro comum.
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