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   Mesa redonda “A política exterior da China no governo de Xi Jinping”

O evento contou com a presença de Pablo Rabczuk, subsecretário de Cooperação, Assistência Técnica e Apoio aos PMDERs da ALADI; Gladis Genua, diretora representante da CAF no Uruguai; Álvaro Méndez, pesquisador principal na London School of Economics and Political Science; Jaime Albuja, chefe do Departamento de Cooperação e Formação da ALADI, e Ignacio Bartesaghi, coordenador do Observatório América Latina-Ásia Pacífico.

O subsecretario da ALADI, Pablo Rabczuk, abriu o evento dando as boas-vindas e agradecendo ao público e ao professor Hughes por sua presença, e fez uma breve introdução à palestra. A exposição de Hughes focou-se em vários aspectos internos da China, dos econômicos aos sociais, que, junto com diversos aspectos globais – como crises e conjunturas internacionais – foram impactando na produtividade e na política levada adiante pela China e pela sua pauta internacional. O professor salientou que certas políticas favoreceram o crescimento da China, mas a situação mudará devido a questões internas. Destacou, ainda, que a combinação do Estado com o livre comércio atingirá outro estágio, baseado no investimento e na infraestrutura.

Hughes focou-se especialmente nos acontecimentos ocorridos em 2008, desde os jogos olímpicos de Pequim até a crise financeira que se abateu nos Estados Unidos, repercutindo no mundo inteiro. A esse respeito, o professor disse que a sociedade está mudando e que os acadêmicos são muito conscientes disto; os grupos de interesse obrigam a dar respostas desde 2008 e a bolha imobiliária constitui um problema que deve ser atendido pelas autoridades. Hughes destacou, ainda, que o governo de Xi Jinping enfrenta a queda das exportações e que o modelo exportador está em jogo. Segundo ele, o governo chinês visa ao incentivo do consumo interno para enfrentar a queda das exportações.

Em seguida, o professor ressaltou que o crescimento produtivo, que chamou de problema estrutural profundo da atualidade, vem caindo desde 2008. Em sua opinião, uma das possíveis razões é o envelhecimento da população e considerou que o setor privado deveria agir como motor, já que as empresas estatais evidenciam ser ineficientes. Hughes apontou também como problema o fato de que há poderosos grupos de interesse no Estado que não deixam Xi Jinping desenvolver suas novas políticas. Também, manifestou que há grupos muito ricos da China que transferem dinheiro para o exterior e que existem dificuldades para que os estrangeiros invistam no país. Há também um forte nacionalismo e o governo de Xi Jinping enfrenta pressões internas. Finalmente, quem será o sucessor do presidente é também outro problema. No que diz respeito ao setor bancário, Hughes destacou que os bancos de investimento da China têm uma forte presença na América Latina e que os bancos de desenvolvimento chineses não contam com muito apoio do Estado. O professor considera que a China irá passar por uma fase de estagnação, sua moeda não será global e a América Latina terá problemas, porquanto a China não terá vigor suficiente como comprador. “Seria diferente para a América Latina se os chineses consumirem mais carne e mais vinho”, disse, e destacou que os bancos chineses captam dinheiro para investimentos, o que não favorece o consumo interno.

Concluída sua palestra, foi a vez de Álvaro Méndez, que sublinhou a relação do Uruguai com a China e apresentou a LSE Global South Unit (Unidade do Sul Global), uma iniciativa de pesquisa e de ensino anexa ao Departamento das Relações Internacionais da LSE. Esta unidade foi apresentada como um centro de ideias descentralizado, que tem por objeto pesquisar o papel versátil do sul na conformação da ordem mundial. Méndez também apresentou o programa “América Latina e China” (Latin America and China programme), orientado tanto aos setores público e privado quanto à área acadêmica. O encerramento do evento esteve a cargo de Ignacio Bartesaghi, quem agradeceu a presença dos convidados e disse que é necessário acompanhar com atenção as mudanças internas da China e que esse país feche acordos estratégicos com a América Latina.

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