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   Ex-presidente da Colômbia chama a construir linguagens comuns na região

A presidente do Comitê, Digna Donado, o secretário-geral da ALADI, Carlos Chacho Alvarez, o subsecretário do Ministério das Relações Exteriores do Uruguai, Luis Porto, e o diretor da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), Ignacio Hernaiz, foram os encarregados de dar as boas-vindas ao ex-presidente da Colômbia.

Por sua vez, o ex-mandatário colombiano manifestou que “todos concordamos com a globalização”, mas não há um conceito claro, “não estamos preparados para a globalização”. A esse respeito, salientou que a América Latina tem um problema sério de competitividade. “Falta-nos infraestrutura e qualificação de mão de obra, precisamos melhorar nosso sistema de tributação e de poupança; o que o continente investe em ciência e tecnologia é irrisório em comparação com o investido em outros países. Não temos proposta de competitividade”.

Face às mudanças sofridas pelos processos de integração decorrentes da proliferação de tratados de livre comércio, Samper declarou ser muito mais partidário de um conceito de integração “como nos anos 60 e 70, que inclua convênios setoriais, temas de segurança, uniões alfandegárias e, sobretudo, incentivo ao consumo interno”.

No que concerne à Aliança do Pacífico, o ex-mandatário comentou que, se bem ela permitirá reunir 30% do comércio da região e consolidar um sonho de longa data – de integração ao Pacífico – também está concebendo a ideia de que no continente há dois blocos: “um bloco voltado para o Pacífico e fazendo as tarefas, cumprindo com o desenvolvimento, etc., e outro, conformado pelos dinossauros que estão na Alba e participando do experimento do MERCOSUL”. Esta percepção perigosa decorre do fato de termos duas concepções de desenvolvimento e uma única visão, uma concepção com ênfase no social e outra com ênfase no econômico. Para Samper, ambos os modelos são válidos, e chamou à desideologização dos debates.

Nesse sentido, salientou a importância de encontrar cenários para a construção de linguagens comuns, em fóruns políticos como a ALADI, a CELAC, a UNASUL, a Comunidade Andina, “com temas que nos identificam, com um diálogo político direto, nu, sincero”. A região chegou à convicção de que um desses temas é a luta contra a desigualdade.

Finalmente, também apontou que existem três fenômenos reprodutores da desigualdade: o fenômeno da tributação (os impostos estão sustentando um sistema de tributação precário); o fenômeno da educação, com o desemprego como prova; e o fenômeno da informalidade.

Ernesto Samper tem publicado estudos sobre globalização e governabilidade na América Latina, como a compilação Nosotros los del Sur e El Salto Global. Atualmente, é acadêmico e coordenador do Fórum de Biarritz, cenário de estudo e encontro entre a Europa e a América, e presidente da coorporação Escenarios.

Conferência completa (1)

 

Ernesto Samper Pizano, ex-presidente da República da Colômbia

Da esquerda para a direita: Ignacio Hernaiz, diretor do escritório OEI- MERCOSUL no Uruguai; Carlos Chacho Alvarez, secretário-geral da ALADI; Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia; Luis Porto, subsecretário das Relações Exteriores do Uruguai

(1) Nota: As opiniões manifestadas na conferência são de responsabilidade do expositor.

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