Artigos de Opinião

   Palavras do Embaixador do Paraguai em ocasião de sua posse na presidência do Comitê de Representantes

É uma honra para mim iniciar a gestão como presidente deste Comitê que tanto tem contribuído para o processo de integração.

Todos nossos países, com características próprias, participam do cenário internacional. Há pouco tempo, a reunião da CELAC congregou todas as nossas nações, somadas às que não estão na ALADI, demonstrando que o pluralismo ideológico, que as nossas diferenças políticas, em políticas econômicas e comerciais ficam de lado quando há vontade de levar adiante projetos comuns.

A ALADI, esta porção da América Latina, é exemplo disso. Hoje comentávamos com o secretário-geral que já fizemos cinquenta anos e continuamos trabalhando com diferentes ritmos neste processo de integração de enorme potencial. Daqui a poucos anos, veremos desaparecer as barreiras antigamente existentes entre nossos países e poderemos afirmar que existe um espaço mais amplo de comércio entre nossos países.

Em nossa região, surgiram iniciativas que vieram, de alguma forma, transformar o nosso tranquilo desempenho na ALADI: há vinte anos o MERCOSUL e atualmente a Aliança do Pacífico, decisões que os nossos países tomam para acelerar o processo de integração. Quando não encontramos a via bilateral procuramos a via multilateral e quando a multilateral não é suficiente procuramos novos espaços. Evidentemente estes espaços se conformam entre países de identidade semelhante ou entre aqueles que, em razão de sua situação geográfica, podem trabalhar de forma mais próxima. Eis a dinâmica que caracteriza o tempo em que vivemos.

Dentre os temas prioritários que esta Presidência quer abordar, encontra-se, sem dúvidas, a EXPO ALADI, fórum visto com grande expectativa. Tomara que possamos oferecer, como manifestaram as embaixadoras do Panamá e do Brasil, um encontro de pequenas e médias empresas de nossos países. No caso concreto do Paraguai, nos últimos anos temos avançado extraordinariamente no que diz respeito à complementação na cadeia de produção entre nossos países. Esta região do Rio da Prata, nossa hidrovia Paraguai-Paraná, que une vários dos países aqui presentes, sofreu mudanças substanciais incrementando a economia de forma notável. Meu país atingiu, ano passado, um crescimento de 10% no e para este ano esperamos um crescimento semelhante.

Tal crescimento deve-se não apenas ao bom desempenho do país, mas também à presença de capitais e de recursos humanos estrangeiros. Vou mencionar somente um, por ser o país que nos acolhe: Uruguai. Por circunstâncias especiais do campo uruguaio, atualmente muitos uruguaios veem o Paraguai como novo destino de investimentos. Isto é, os uruguaios têm se transformado em investidores estrangeiros no Paraguai. Estão investindo muito no campo, especialmente, em um terreno que conhecem muito bem: a pecuária, embora os investimentos alcancem também as plantações de arroz. Isto é um fato real e atual, que não existia antigamente. Por outro lado, o Paraguai está utilizando o porto de Montevidéu e, em menor medida, o porto de Nova Palmira, como nunca antes tinha feito.

Estamos vivendo autênticas situações de integração. Não vou falar da integração com nossos vizinhos, cada vez mais crescente e que caminha muito bem. Vivemos momentos muito especiais e é com esse espírito que o Paraguai participa dos organismos.

Quanto à nossa agenda, secretário, em matéria de gestão política no processo de integração, seria muito útil trabalharmos sobre uma agenda específica e real para que os órgãos de nossa Associação possam dar-nos orientações e diretrizes renovadas sobre certos temas prioritários.

Sempre lamento que não possamos reunir os chanceleres. As reuniões de ministros deixaram de ser reuniões de ministros. Eu gostaria muito de poder convocar em breve a uma reunião de vice-ministros. O déficit é nosso; ou talvez funcionemos tão bem que não precisamos de controle. Contudo, considero que, do ponto de vista político, seria interessante contar com eles.

Nesta época de cúpulas, nunca tivemos, por exemplo, uma cúpula de presidentes. Estava convencido de que a comemoração do quinquagésimo aniversário da Associação seria a ocasião propícia para fazê-lo, mas não o foi. Não perco as esperanças de que um dia possamos reunir nossos presidentes, seja na ALADI ou em ocasião de outra cúpula em que estejam todos, mas que todos os presidentes dos países da ALADI possam dispor de um tempo para fazer uma reunião.

Devemos ser mais ousados e pôr todo o nosso empenho para consegui-lo, pois será de grande apoio político para a organização. Acredito que poderemos reunir os chanceleres. Lembro que, numa oportunidade, em Nova Iorque, aproveitamos e reunimos os ministros. Creio que foi a última vez que se reuniram todos os ministros da ALADI. Tínhamos que escolher o secretário-geral e, conforme o regulamento, era necessária uma reunião de chanceleres. Aproveitamos essa oportunidade em Nova Iorque e todos estiveram presentes.

E aproveitamos a oportunidade porque há uma inflação de reuniões. É o que os nossos presidentes fazem hoje em dia. Um dos aspectos mais destacados da CELAC é o espaço que os presidentes têm aberto para suas reuniões de grupo; para os presidentes do MERCOSUL, para os da Aliança do Pacífico e para as reuniões bilaterais. A diplomacia presidencial é hoje a mais importante e os presidentes participam de nossos temas. Antigamente, a participação dos mandatários estava restrita à agenda bilateral; atualmente, participam ativamente da agenda internacional, estão instalados no campo multilateral.

Quanto à Conferência de Avaliação e Convergência, acabou por ficar pelo caminho. Quem sabe, em algum momento possamos retomá-la, já que se trata de um mecanismo previsto por nosso tratado que teríamos de aproveitar.

No que diz respeito à facilitação do comércio, creio que estamos cumprindo com a tarefa que nos foi encomendada. Contudo, estamos dispostos a ajudar a Secretaria-Geral em tudo o que for possível para intensificar as tarefas.

No concernente aos sistemas de apoio aos PMDERs, falo como representante de um destes países. Estamos muito satisfeitos com o incremento do orçamento da contribuição aos PMDERs e cabe a nós, não só aos PMDERs, mas a todos nós, saber utilizar esses recursos em questões realmente úteis e não em consultorias “com nome e sobrenome”, destino não sempre desejado para esta verba.

Não falarei de cooperação nem de formação da integração financeira. O tema energético, que finalmente foi apresentado neste primeiro relatório da reunião, e que tínhamos iniciado há muito tempo, é muito importante, é um tema regional, permanente e urgente para os nossos países. Apoiaremos o secretário neste assunto porque assim estaremos apoiando-nos. Este instrumento irá destacar a atuação da ALADI neste ano.

Quanto aos novos sócios, gostaria de fazer referência especial à presença do Panamá, que já tem vários anos conosco. Sendo Secretário-Geral, foi minha a tarefa de iniciar as negociações, em uma viagem à cidade do Panamá. Após uma adequada direção do México, fizemos um fast track e conseguimos ter o Panamá rapidamente conosco. Não me cabeu recebê-los, mas agora tenho o prazer de compartilhar esta mesa com eles.

À espera está Nicarágua e à espera estão outros países. Só precisamos ter cuidado para não ficarmos no número 13. Esperemos que a passagem pelo número 13 seja breve. Felizmente, neste momento somos mais nesta mesa, mas quando formos 13 embaixadores teremos que ter muito cuidado, sempre teremos que convidar alguém para ir a Punta del Este ou a Colônia.

Para finalizar, gostaria de agradecer a todos pelo cordial recebimento que me deram e de lembrar aos funcionários da Secretaria, com quem já tive oportunidade de trabalhar, que sempre trabalhei aqui muito à vontade. Depois de minha passagem pela ALADI, ao longo da minha vida sempre senti saudades da cordialidade, da educação, da formação da equipe da ALADI, que é um dos mais belos acervos da Associação: a ALADI conta com funcionários muito bons.

Finalmente, secretário-geral, reitero que, desde esta presidência, interpretando os sentimentos de todos os países, estaremos colaborando com Vossa Excelência com tudo o que for necessário para podermos, durantes estes seis meses, dar continuidade à gestão da embaixadora do Panamá e para que o Peru possa rapidamente tomar conta do que ainda temos pela frente.

Muito obrigado.

Embaixador Bernardino Hugo Saguier Caballero
Representante Permanente do Paraguai junto à ALADI e ao MERCOSUL
Presidente do Comitê de Representantes da ALADI

Nota: As opiniões expressadas no presente artigo são de exclusiva responsabilidade de seu autor.

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