Observatorio América Latina - Asia Pacífico

   Configura-se nova ordem mundial: Especialistas latino-americanos analisaram Acordo de Associação Transpacífico -TPP

O seminário, organizado pelo Observatório América Latina – Ásia Pacífico de ALADI, CAF e CEPAL, foi realizado dia 30 de outubro na sede da Associação Latino-Americana de Integração e foi aberto pelo secretário-geral da ALADI, Carlos Álvarez, por Sebastián Herreros (CEPAL) e por Juan Carlos Elorza (Banco de Desenvolvimento da América Latina - CAF). A moderação esteve a cargo do coordenador do Observatório, Ignacio Bartesaghi.

Carlos Alvarez afirmou que “uma nova ordem mundial vem se configurando”, em que os Estados Unidos e a China disputam a liderança. O secretário-geral assinalou, ainda, que os Acordos TPP e Transatlântico têm de ser lidos nesse contexto de virada.

Em sua intervenção, Sebastián Herreros, oficial de Assuntos Econômicos da Divisão de Comércio Internacional e Integração da CEPAL, ao falar do Acordo Estratégico Transpacífico de Associação Econômica (TPP, por sua sigla em inglês) destacou que se trata de um acordo sui generis, pois representa o primeiro Tratado de Livre Comércio (TLC) tricontinental que envolve economias pequenas e abertas com baixo nível de comércio entre elas. Isto evidencia que uma das motivações mais comuns dos países para negociar acordos comerciais - a eliminação de barreiras tarifárias em seus principais mercados de exportação (ou os mais protegidos) - não foi fator chave na decisão de negociar o TPP.

Já Arturo Oropeza, pesquisador do Instituto de Pesquisas Jurídicas da Universidade Nacional Autônoma do México, apresentou o livro El Acuerdo de Asociación Transpacífico ¿bisagra o confrontación entre el Atlántico y el Pacífico? e refletiu sobre o contexto político e econômico do TPP, questionando sua origem, a restrição de participação, o caráter confidencial de seu conteúdo e as possíveis consequências econômicas e políticas que poderiam surgir para os países signatários, bem como a eventual confrontação entre China e Estados Unidos pela hegemonia global.

Nesse sentido, o pesquisador manifestou que “o que é evidente é que tanto no comércio quanto nos âmbitos econômico e político, vemos, durante a primeira parte do século XXI, uma clara concorrência entre o Ocidente e a Ásia do Leste, decorrente do comportamento que estão apresentando os fatores de poder entre estes dois grandes blocos econômicos, em que o segundo atingiu os níveis do primeiro e que nas próximas décadas estará lutando pela liderança e pela nova governança do mundo euro-asiático.”

O diretor do Instituto de Comércio Internacional da Fundação ICBC, Félix Pena, destacou que as negociações dos mega-acordos preferenciais de alcance intra-regional ocupam na atualidade uma posição central na pauta das relações comerciais internacionais.

O especialista disse que as experiências históricas na América Latina e em outras regiões nos ensinaram que, na hora de construir um espaço de integração entre nações soberanas, podemos fazer a diferença entre momentos relativamente fáceis e outros mais difíceis. Nestes últimos encontra-se a “curva do desencantamento”, isto é, a tendência para um deterioro gradativo das ilusões que foram surgindo. Porém, garantiu que “temos a possibilidade de capitalizar experiências cumuladas em várias décadas de integração regional, na ALALC-ALADI, em acordos bilaterais” que facilitem o posicionamento da região na nova geopolítica mundial.

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